Gostou do artigo? Compartilhe!

Pequenos cuidados fazem a diferença

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

Estamos comemorando este mês o dia dos Pais e nada mais justo que presentearmos àquele que nos mostra o mundo e nos dá força nos momentos de tormenta, e para estes que recebem esta dádiva o maior presente é ter a familía reunida. Para nós filhos é momento de confraternizar com quem se dedicou para a nossa formação, e que muitas vezes já não podemos contar no dia a dia devido ao fluxo natural da vida.

É um momento importante para observarmos como nossos “velhos” estão vivendo, suas necessidades e dificuldades, que não imaginamos devido a idealização natural de nossos super-heróis. O passar dos anos nos impõe restrições nos pensamentos, no deambular, na iniciativa e literalmente, na forma como vemos o mundo.

Segundo um estudo da Health Promotion England, um organismo britânico de fomento a saúde, a baixa visão é uma das principais causas de limitação aos hábitos normais dos idosos, como a habilidade de desempenhar suas atividades habituais, a movimentação diária, o convívio social e a qualidade de vida.

As limitações se iniciam com o aparecimento da presbiopia, alteração na visão que começa a se instalar dos 35 aos 45 anos e que avança progressivamente, reduzindo a capacidade de focar os objetos próximos e compromentendo a leitura. É um processo natural do envelhecimento da nossa visão, sendo que por volta dos 60 anos praticamente não temos mais esta capacidade, que pode ser corrigido com óculos apropriados.

Nesta fase necessitamos praticamente 3 vezes mais luz no ambiente do que necessitamos aos 20 anos, portanto é importante que avaliemos o ambiente em que nossos pais vivem. Uma iluminação que é adequada para nós pode ser insuficiente para que eles consigam desempenhar suas funções habituais, como andar com segurança dentro de casa, ler um livro ou a bula de um medicamento.

O uso de óculos se torna necessário para praticamente 98% desta população, assim como há o aparecimento de alterações oculares e doenças como a catarata, que turva a visão progressivamente, e muitas vezes é percebida quando não se consegue mais reconhecer as pessoas próximas ou ver uma placa de trânsito ao dirigir um carro. O glaucoma leva a perda do campo visual periférico, o que deixa nossos pais vulneráveis ao ambiente, como ter dificuldades para atravessar uma rua por não conseguir ver um carro vindo em sua direção; degenerações retinianas provocadas pela idade ou por doenças sistêmicas como o diabetes, assim como problemas mais raros como tumores, são problemas que podem ser tratados ou prevenidos com a visita ao oftalmologista.

Peço licença a meus leitores para relatar a história de um paciente, que mesmo vivendo distante e com uma saúde perfeita, me procurou com algumas queixas de alteração na visão, mesmo enxergando bem com seus óculos. Solicitei um exame chamado campo visual, que avalia a visão periférica, essencial para a avaliação de pacientes com glaucoma. O exame apresentou pequenas alterações que sugeriram um problema que não estava no olho. Ao solicitar uma ressonância magnética, um exame que avalia com maior precisão os órgãos e suas partes, foi diagnosticado um pequeno tumor no cérebro comprimindo o nervo óptico, que mesmo com sua característica benigna, estava crescendo, necessitando de uma cirurgia. Infelizmente houveram algumas intercorrências desta cirurgia e o paciente ainda está na UTI de um hospital em São Paulo, há 4 meses em coma. Este paciente é o meu pai, e por ele peço aos filhos um olhar mais atento as “pequenas queixas” de seus pais.

 

Dr. Marco Antonio Olyntho
CREMESP 92737
Médico Oftalmologista pela Associação Médica Brasileira e Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Especialista em Glaucoma pelo Hospital das Clínicas - Universidade de São Paulo
Membro da American Academy of Ophthalmology

marco@olyntho.med.br
www.olyntho.med.br
São José do Rio Preto - SP

Autor

Dr Marco Antonio de Castro Olyntho Junior

Dr Marco Antonio de Castro Olyntho Junior

Oftalmologista

Especialização em Ciências da Visão Patologia Clínica e Cirúrgica no(a) Instituto Internacional de Ciências Sociais.